segunda-feira, 4 de abril de 2011

GLOBO REPÓRTER MOSTRA CAOS DA SAÚDE PÚBLICA NO MARANHÃO

fonte: JP online

O Globo Repórter de sex-ta-feira (1º) evidenciou o caos da Saúde Pública no Maranhão com a procissão de ambulâncias constante, trazendo centenas de doentes para os Socorrões I e II de São Luís por falta de estrutura dos municípios do Estado. O programa mostrou que o Governo estadual adquiriu um helicóptero [do Grupo Tático Aéreo – GTA] por cerca de R$ 15 milhões, um dos mais modernos do mundo, que pode fazer resgates, transportar policiais ou funcionar como uma unidade de emergência, mas, no entanto, em terra firme a situação é caótica.

“A saúde pública no Maranhão é um grande caos. A primeira escala, o atendimento básico, deveria ser assegurado logo no começo, mas ele não acontece na grande maioria dos municípios”, criticou João Maria Van Damme, do Conselho de Saúde de São Luís.

O padre belga, que há 20 anos batalha nas pastorais e conselhos de saúde maranhenses, fez o alerta à reportagem da rede Globo, denunciando que doentes do interior não param de chegar à capital em ambulâncias que vêm do interior do Estado. Segundo a reportagem, a situação fica ainda mais grave, porque um hospital e duas policlínicas do Estado [PAM (Pronto Atendimento Médico) Cidade Operária e PAM Diamante] entraram em reforma ao mesmo tempo em São Luís. O que já não era bom ficou pior para os Socorrões da capital que estão superlotados com a grande demanda.

“A gente fica entre a cruz e a espada. O que nós vamos fazer? Deixar esses pacientes nos corredores, deixar esses pacientes em macas ou devolver esses pacientes?”, questiona o secretário de Saúde de São Luís, Gutemberg Araújo.

“Hospital não é como hotel. Hotel na hora em que lotou você bota uma placa ‘lotado’. Hospital, não. Mesmo lotado, você tem que atender as pessoas”, lembrou o secretário municipal de Saúde, Gutemberg Araújo.

Socorrões acolhem pacientes do interior - Com a microcâmera, o Globo Repórter registrou cenas da superlotação dos hospitais de São Luís. As duas emergências, conhecidas como Socorrão 1 e Socorrão 2, operam com dificuldade para atender a demanda. Nos corredores lotados, a angústia de quem espera por cirurgias, por exames, por um leito. O Ministério da Saúde não paga por internações em macas e cadeiras.

Mas, segundo mostrou o Globo Repórter, o simples fato de estar dentro de um hospital já é motivo de algum alento. “Mesmo assim, do jeito que você está vendo, a gente deve agradecer muito, porque se você vai a outro hospital, tem gente que está em pé no soro”, disse uma senhora à reportagem.

“A maioria desse pessoal que ficou aqui é do interior do Estado. Eu acho esse hospital aqui (o Socorrão) uma mãe, porque ele acolhe todo mundo que vem”, comentou um rapaz ao Globo Repórter.

Em entrevista ao Jornal Pequeno, Gutemberg Araújo disse que os hospitais Socorrão I e II são estruturados e equipados com laboratório de análises clínicas, radiologia, ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética, entre outros, e equipe médica em todas as especialidades.

Demanda excessiva - “O problema crucial, e que foi mostrado no programa Globo Repórter, é que a nossa capacidade de atendimento não comporta a demanda excessiva de pacientes do interior do Estado. A consequência é a superlotação que, obviamente, compromete a qualidade do serviço prestado. Apesar das dificuldades, nossa rede está de portas abertas. E o problema da saúde em São Luís e no Maranhão precisa de um esforço conjunto para ter solução”, afirmou Gutemberg.

Gutemberg explicou ainda que a explicação para tudo isso é o não funcionamento da atenção básica. Segundo ele, o próprio secretário de Estado da Saúde, Ricardo Murad, admite que o sistema não funciona e, na semana passada, afirmou que o Estado vai propor um novo modelo de Programa Saúde da Família.

“A equação é simples: o problema da saúde no Estado cresce e vai desaguar nas unidades de urgência e emergências da capital. Essa realidade da urgência e emergência de São Luís é consequência desse problema e não a causa”, disse Gutemberg.

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